Era uma vez, num tempo nem tão distante assim, uma linda moça que - feliz e sorrateira - saiu de férias.
Contente, lá foi ela se preparar pra colocar a casa em ordem. Ela limpou, passou, cozinhou, limpou de novo até que percebeu que, por mais que limpasse, chão e azuleijos continuavam com algumas marquinhas.
Foi assim que ela, que além de linda era super inteligente, teve uma brilhante idéia: "amor, precisamos de cloro! Amanhã você traz pra mim?".
Ele, o príncipe encantando da história, na tentativa de fazê-la feliz, foi logo buscar cloro. E trouxe cloro e ácido. Tudo do mais forte e mais potente!
Chegou em casa e foi logo entregando os melhores produtos de todo o reino. Não antes de dizer as sábias palavras "tome cuidado; estes são usados na fábrica. Não é vendido no mercado. São mais fortes que os domésticos. Sugiro, querida e doce amada, que use luvas e botas".
Ela ficou feliz em reconhecer no amado tanta proteção.
Imediatamente escondeu sua cara de indignação diante de tanto exagero, piscou os olhinhos e, na pausa de um beijo, disse docemente"podexá!!!".
Assim, príncipe foi trabalhar na floresta enquanto ela foi testar a potência das fórmulas adquiridas. Escolheu a calçada limbosa e verde como sua primeira vítima.
Olhou pro alto, como quem fala com Deus e disse "até parece que vou usar bota neste calor, só porque ele quer". E lá foi ela. Descalça e atrevida com mangueira, vassoura, cloro e ácido a postos tentar desesperadamente dar vida ao chão que pisava.
Esfregou, esfregou, esfregou até que - de repente - os olhos começaram a arder. Arderam um pouquinho e ela não ligou e continuou e continuou.
No outro dia, lá foi ela com seus apetrechos testar mais uma vez a eficácia dos produtinhos na cozinha. Depois foi a vez do banheiro e, por último, veio a área.
Nesta altura, a mocinha já estava quase ao fim da árdua batalha em busca da limpeza. Foi quando, entre um esfregão e outro, os dedinhos dos pés e das mãos começaram a arder.
Ela parou e numa análise rápida percebeu que os pelinhos das mãos estavam como se tivessem sido queimados. Tudo começava a ficar muito estranho...
Pensou "será o ácido? não! claro que não!!!". Mesmo assim, diante da dúvida, preferiu garantir o esmalte vermelho escarlate Eliana de R$ 2,49 e colocou luva.
Os pezinhos, no entanto, ficaram esquecidos em meio ao cloro, ácido e água gelada. E lá foi ela. Estrada a fora, sem bota e sem doces para a vovozinha.
Foi no quinto e último dia de jornada, quando o Sol se escondeu atrás dos montes verdes do Bosque Encantado que, num banho longo e demorado (com direito à esfoliação e espuma de banho) que uma terrível cena aconteceu!!! Aquilo não podia ser verdade, mas seus pés, pequenos e frágeis, possuiam rachaduras imensas por todo o calcanhar. Uma tragédia para a princesinha que tinha acabado de pagar a primeira parcela da sua sandália Arezzo (comprada numa pechincha de promoção pós natal).
Ela se desesperou! Aquele pé não combinava em nada com o sapato novo, nem com o vestido novo, nem com o anel novo..
Correu na farmácia e comprou Bepantol. Já tinha comprado tanta coisa, o que tinha comprar mais uma pomadinha?
Imediatamente foi bezuntando o pé e num calor de 40 graus prometeu ficar de meia o dia todo para que a pomada agisse melhor. Aquilo tinha que sarar antes de seu passeio às terras distantes.
Sim! Ela tinha uma viagem marcada para comemorar com o príncipe mais um ano de amor e felicidade. Foram meses planejando tudo e ela queria estar linda, por isto os gastos, por isto a loucura...
Acontece que, finalmente, a tão sonhada viagem chegou e diante de sol e praia, todo o tratamento estético e manicurístico foi esquecido.
Reza a lenda, que lá - nas terras distantes visitada pela garota - havia uma grande bruxa chamada AMBEV.
Tal bruxa era conhecida por muitas e muitas léguas por produzir bebidas de efeito alucinógeno que tiravam da realidade quem as tomassem.
Doidona, a princesa começou a achar seus pés lindhus de morrer. "Olha como melhorou! Tá ótimo já!"
E por sete dias seguidos, numa previsão cabalística de zodiáco, pés foram esquecidos e abandonados à água salgada e areia quente.
De volta ao lar, livre dos delírios causados pela poção Brahma da bruxa má, a bela mocinha mais uma vez se desesperou.
O pé estava em estado de calamidade. Rachos surgiam de todos os lugares e nada tirava o ressecamento da pele.
Agora, dias depois da história encantanda, ainda tenta-se de tudo: meia, minancura, creme manipulado, creme especializado, pomada, remédio, esfoliação eeeeee.......
"ALGUÉM PODE ME DIZER COMO É QUE EU SARO A PORRA DO RACHO NO MEU PÉ?"
Atenção, este blog recomenda: quando for fazer faxina, use botas. Principalmente se for lidar com ácido!!!!
