sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Três desejos

E de repente tudo o que ela queria era que o sol tocasse suavemente sua pele, como naqueles dias em que o céu fica branco de tantas nuvens que fingem ser ursinhos de pelúcia. 
Ela queria brisa suave balançando os cabelos. 
E queria flores.
Queria um horizonte que não fosse o dela. 
Queria a paz que não era sua. 
Princesinha queria correr descalça só pra sentir na ponta dos pés o gosto que a liberdade tem. 
Ela queria definitivamente ser só.
Não que não precisasse de amigos. Não que não precisasse de amores. Era só que, antes de tudo, precisava de uma boa dose de si mesma. Pura e sem gelo, num copo que fosse resistente as meias verdades que a vida lhe impunha.
Princesinha queria ouvir menos e falar mais e queria não pensar. Pensar doía e ela estava cansada de dores. 
No jogo das rimas, Princesinha trocaria facilmente dores por cores e faria um arco íris todo dela, com pote de fortuna escondido e duendes dispostos a realizar três desejos. 
E ela pensou nos desejos:
-queria mudar o mundo;
- queria mudar as coisas;
- queria, principalmente, mudar a si mesma!





terça-feira, 4 de setembro de 2012

Só por hoje...

Não é fácil passar fome. Mais difícil que isto é passar vontade e eu sou cheia delas (ódio de mim neste momento!!!).
Tudo aconteceu quando eu ainda estava no colegial. Lá pelos meus 15 anos. De família católica, todos os anos ajudava na festa em louvor a São Roque. Eu era uma garçonete bem simpática..rsrsrs...
Foi quando, numa destas festas, meu pai voltou pra casa nervoso e disse - com meia lágrima nos olhos, porque ele era dramático - "você era a menina mais gorda da festa". Claro que minha mãe não ia perder a oportunidade e foi logo soltando "a perna tá só celulite".
Acreditem, isto meu traumatizou. Não porque eles eram pais rudes. Não porque não me tratavam com carinho. Mas, porque era verdade: eu era gorda. Tinha 15 anos, 1,52 de altura e 58 quilos.
Foi aí que eu resolvi mudar pela primeira vez. Comecei a fazer caminhadas todos os dias. Me enchia de IN Natura. Era shake, sopa, gelatina e bolacha água e sal. Uma delícia metira!.
Nesta maratona cheguei aos 47 quilos. Mas, no lugar dos elogios que sempre sonhei ouvir, escutava "nossa, você tá doente? tá amarela". Ninguém me achou muito bonita.
Me encontrei com 53 quilos e segui a linha até entrar na faculdade, quando a balança mais uma vez disparou para os 58 quilos. Resolvi acreditar que era assim que eu era, baixinha e gordinha. Ok! Mas, a balança resolveu ir pra 62 e eu tomei remédio.
Lembro da boca seca, de uma agitação dentro da alma e dos cabelos que caiam. Não sei dizer ao certo que remédio tomei nesta época, mas de todas as tristezas que ele me trouxe a pior foi a queda de cabelo, que depois disso nasceu enrolado. Beeeem enrolado!!!!!
Lógico que quando o remédio terminou eu engordei tudo de novo. Aí coloquei a culpa na faculdade e continuei minha vida assim: gorda, bem resolvida e feliz.
Quando comecei a namorar, a pança mais uma vez voltou a incomodar. Claro, eu queria ser A GOSTOSA. Foi aí que conheci a Sibutramina e juro pra vocês que nosso relacionamento foi ótimo. Não tive qualquer sintoma absurdo tirando a sede. Fui novamente para os 49 e fiquei linda, apesar do meu marido (na época namorado) viver dizendo que eu não tinha bunda.Quem precisa de bunda quando não se tem barriga? Eu estava ÓTEMA!!!!
Minha relação "Sibutramina e eu" terminou quando comecei um novo frasco de pílulas e - pasmem!!! - não fez qualquer efeito. Eu sentia uma fome absurda! O sonho encantando durou seis meses e virou pesadelo quando mais uma vez fui parar nos 60.
Novamente, cometi o erro de achar que 60, talvez, fosse meu código genético ou vontade divina, sabe lá, e me aceitei. E segui gorda, não tão bem resolvida e um pouquinho infeliz de vez em quando.
Quando a história de casamento tornou-se real na minha vida, como que por obra do destino Deus colocou a mão e, dos 60, fui -sem perceber- para 57 quilos. Olhando pro passado eu juro que não consigo entender porque nem assim resolvi entrar numa academia. Eu teria sido uma noiva muito mais linda!
Meus 57 me abandonaram quando cheguei em Natal, na lua de mel. Fiquei em um resort com cinco restaurantes tudo incluso: japonês, francês, pizzaria, tapiocaria e self service com comidas típicas. Lembro que, quando voltei, as pessoas diziam "nossa, você tá diferente!". A balança, ao contrário gritou "comeu igual uma porca e, em sete dias, você tá pesando 64".
Confesso que foi um choque. Mas, não tão forte assim. Eu estava tão feliz, qual o problema em ser gorda? E eu segui assim: feliz, casada e gorda.
Até que um dia meu marido disse "nossa, sua barriga tá enorme!". Neste dia eu tinha um encontro com amigos e a calça não fechou. Acho que foi a primeira vez que chorei igual criança. As pessoas falam em preconceito, mas, cá entre nós, o que fica bonito numa gorda? Nada!
E não sei o que aconteceu comigo porque, num desespero tremendo pra emagrecer, fui parar nos 68. As roupas da minha mãe começaram a ficar boas em mim e eu juro que achei que era este o meu carma: ser gordinha como a minha mãe, a minha avó, as minhas tias. O problema é que, aos 28 anos, a minha mãe era magra e eu já estava bem longe disso.
Passei dois anos assim, usando manequim 40 e achando que eu tinha nascido pra isto. Mas, lógico, com o passar do tempo, tive que comprar calça 42 e, foi aí que tomei a primeira atitude inteligente: entrei numa academia de dança.
Eu não tenho nenhuma coordenação. Sou o tipo "barata tonta da baygon". Mas, adorava as aulas, apesar das coreografias não aceitarem meu excesso de peso, tampouco meu despreparo físico. Eu ajoelhava e gemia pra levantar.
Aí fui pra musculação. Odiava!!!! Todos os dias eu odiava!!!! O combinado era que eu fosse  três vezes por semana. Eu aparecia uma vez por mês e olha lá. Lógico, fiquei gorda.
Cheguei nos 69 e uma pessoa olhou e disse "nossa, como você tá gorda, tá feia, seu marido vai largar de você!". Chorei muito. Muito mesmo.
Regularmente passei a ir três, mesmo ainda odiando com todas as minhas forças.O objetivo nem era ser magra. O foco era não virar obesa. Deste jeito, consegui sair dos 69 e voltei para os 64. Ficou menos pior.
Com o tempo, comecei a me acostumar com a malhação. Até sentia falta quando não ia. Passei então a ir todos os dias, de segunda a sexta. Fazia musculação de segunda, quarta e sexta e de terça e quinta fazia esteira. Não emagreci nadinha, mas fiquei muito mais tranquila.
Não vou dizer que durante este período não fiz nenhuma merda, porque fiz muitas delas. Tentei a sibutramina de novo, tomei fluoxetina, complexo com testosterona. Passei a almoçar só salada, fiz sopas mirabolantes e dos 64, passei a ficar numa constante que ia dos 63 aos 61 conforme a TPM. O pior é que a maioria  das cagadas teve apoio de médico e de nutricionista. Até que encontrei A NUTRICIONISTA.
E agora começa uma vida de A.A (Alcoólicos Anônimos): só por hoje não vou comer igual a uma vaca!
Só pra que fique bem claro não estou me achando a Sabrina Sato.Mas, não custa tentar, né? Em quatro meses, perdi 6 quilos. Tonifiquei minha pele, perdi gordura, ganhei uns gramas de músculo e comecei a me sentir.
É pra não desanimar que resolvi dividir com vocês meus altos e baixos, porque nem sempre tudo são flores e nem sempre serão. Da mesma forma, tento em palavras reforçar minha determinação em chegar na magreza absoluta de ser.
















quarta-feira, 9 de maio de 2012

Desabafo Matinal

Fico impressionada com o tanto de gente que desconhece o significado de "responsabilidade". 
Inicialmente, cheguei a desconfiar de ignorância; quem não sabe o certo, também não entende o errado. Infelizmente descobri, tempos depois, que a verdade - pura e simples -  é que ser correto é questão de caráter, de índole. Ou você quer, ou você não quer. Não há meio termo. Não há lugar para mentiras e desculpas. 
Numa sociedade ideal deveria prevalecer a ideia do todo. Isto bem seria possível se ela, a tal responsabilidade, não estivesse tão fora de moda. 
Num mundo responsável, as pessoas olhariam mais para o lado, não para o umbigo. Tristemente (e diariamente!!!) constato que tal teoria está cada vez mais distante da realidade. 
Aqueles macaquinhos que não ouvem, não veem e não falam deixaram de ser crítica, ficaram bonitinhos e assim vai; todo mundo na Terra de Fantasia, onde "foi namorar, perdeu o lugar" e "salve-se quem puder".
Aprendi de pequena que numa casa com quatro, o bolo deveria ser dividido por quatro. Quem comesse a parte que não lhe cabia, falharia. 
E, por falar em falhas, ainda me deparo com elas. As minha e a de tantos outros - hoje, numa escala bem maior.
Quem promete e não cumpre, falha. Quem não assume o que disse, falha. Quem inventa desculpas, falha. Quem olha só para si, falha. 
Falha quem mente, quem engana, quem rouba, quem mata, que se sente superior. Falha também quem ouve a mentira, quem se deixa enganar, quem se faz de crente quando convém, quem se inferioriza. Falha quem finge não entender. Falha quem prefere o desconhecido no lugar da verdade. 
Falha, principalmente, quem se omite. 
Aprenda: não brilhar porque quem te cerca está fosco, é errar feio.
Aprenda 2: não subestime a inteligência alheia. 


O desabafo é, talvez, pra você. Por favor, vista a carapuça!!!




terça-feira, 8 de maio de 2012

Pra se inspirar

Encontrei um texto lindo e queria compartilhar com vocês. Achei tudo a ver com o espírito de algumas amiguinhas que andam meio assim: mais pra lá do que pra cá...


‎"Olha, Dona Moça, eu aprendi. Você, um dia, vai aprender. Não leve a vida tão à risca. Não existem regras para viver. Não se esconda, não feche sua janela. O amor, quando quer, arromba as portas. Cuide do seu jardim, deixe que suas flores desabrochem. Perfume a sua vida, dona Moça. Um dia a gente aprende, eu aprendi e você também vai aprender que a vida é mesmo dura quando ...você tem medo, quando você se acha fraco, quando se acha vítima. Você não é vítima. Ninguém aqui é vítima. Somos todos perdedores, apenas. E perder, às vezes, é ganhar. Sonhe, dona Moça, mas não durma demais. O tempo passa e não volta. O tempo corre. E não espere pelo príncipe encantado, ele não vem. Deixe os contos de fadas só nos livros infantis que você tanto lia quando criança. É preferível que beije o sapo. Não, ele não vai virar príncipe! Continuará um sapo. Mas, pode ser que você o aceite e goste exatamente do jeito que ele é. Entenda, dona Moça, que a pessoa perfeita tem mil defeitos. Entenda que as flores também têm espinhos. Entenda que no outono as folhas vão embora e que no inverno a pintura é triste. Mas a primavera vem e traz de volta as cores e o perfume. Entenda que saudade dói, mas passa, se você souber transformá-la em alegria. Nostalgia é estado (momentâneo) de espírito. Entenda, dona Moça, você tem que voar! Não encolha suas asas. Voe! E não olhe para baixo. Entenda que certas coisas não foram feitas para serem entendidas. Apenas sinta, dona Moça, feche os olhos e sinta. O mundo é só mais uma roda gigante que não para. Levanta, dona Moça, o mundo não espera por você!"

Simone Oliveira

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Quando aprendi a brincar de boneca

Gente... faz tempo né? Ausência total de criatividade!!!Bom.... mas, agora vou tentar voltar com tudo e pra brindar este retorno, divido com vocês o texto que eu fiz para o Concurso "Ação & Expressão" da Reiyukai. Torçam por mim, tá?Beijos


Uma experiência que mudou minha vida

Lembro-me perfeitamente do dia em que as coisas mudaram. Eu era uma menina como tantas outras, com as lições de escola e as brincadeiras de rua sendo as principais atividades. Tinha também um quarto só meu, cheio de livros, jogos e bonecas. Na medida do possível, não me faltava nada e eu, bem sabia, tinha pais capazes de tudo para me verem feliz.
Foi quando, de repente, eles me deixaram na casa de um vizinho. Eu não gostava dele. Era bravo e brigava por tudo. A mulher dele, no entanto, era bastante carinhosa e me dizia pra ficar calma porque meus pais me trariam uma deliciosa surpresa.
Tal surpresa chegou não sei precisar quanto tempo depois. Era uma boneca linda. Papai me disse que ela, na verdade, era um menino e que eu ainda não podia brincar com ele. Mamãe me disse que o boneco precisava que eu ficasse bem quietinha e que eu teria que ter paciência para só depois segurá-lo no colo.
Apesar de todas as regras, não fiquei chateada. Meu boneco era lindo demais e meu maior prazer era ficar ali, só olhando ele dormir. Aprendi a esperar.
Tempos depois, cai de bicicleta e fiquei com o nariz todo machucado. Era uma ferida enorme e horrorosa e minha mãe me obrigou a ir para escola assim mesmo. Esta foi a primeira vez que aprendi a me defender sozinha. Aprendi a deixar claro que eu mereço, no mínimo, respeito.
Quando minha família se mudou para o interior, a casa em que a gente morava ficava num bairro novo; só havia nós e nada mais. Passava o dia sozinha. Aprendi que conversar com o espelho é a melhor maneira de me conhecer.
Na juventude, descobri que o primeiro amor pode não ser o único e que, gostar de quem não gosta da gente, machuca e dói de verdade. Aprendi que não devo chorar por quem não valha à pena.
Aos 18 anos entrei na faculdade. Escolhi Jornalismo e descobri que tudo na vida tem dois lados e a minha opinião sozinha é muito pouco para comprovar qualquer coisa. Aprendi que eu sempre posso saber mais.
Também nesta fase, conheci os amigos que eu levaria para o resto da minha vida comigo. Muitos que, hoje, quase pouco vejo, outros que ainda fazem do meu dia, um dia melhor. Aprendi que amizade de verdade é sinônimo de querer bem e nada mais. Se alguém te exige alguma coisa, melhor virar a página.
Entre tantos amigos conquistados, teve também aqueles que me abandonaram pelo caminho. Pessoas queridas que hoje me tratam como estranha. Aprendi que não estou livre da decepção, mas ter do que recordar é melhor do que não viver.
Tive ainda que lidar com a dor da morte. Perdi meu pai aos 21 anos. Julguei Deus. Briguei comigo, culpei uma porção de gente. Descobri que nada mudou diante da minha perda. Aprendi que pouca gente vai se importar com os meus sentimentos e que o mundo não para só porque eu preciso chorar mais um pouquinho.
Sozinhos, minha mãe, meu irmão e eu aprendemos a ser família de novo e fomos em diante, juntos e sempre. Aprendi que posso ir pra onde quiser, mas vou mais longe quando sei que posso voltar.
Nesta fase tão triste da minha vida, eu já tinha do meu lado alguém pra me dar forças. Quando conheci meu marido, minha vida mais uma vez se abriu para novas oportunidades. Ele segurou minha mão no momento em que eu mais precisei e só por isto serei eternamente grata.
Amei como nunca pensei que fosse capaz de amar um estranho. De repente, tudo que era meu virou dois e eu só me senti feliz por dividir. Aprendi que, se nem sempre estou certa, vai ter sempre alguém para me perdoar.
Quando decidimos nos casar, passei também pela fase da ansiedade por deixar de ser filha para me transformar em esposa. Em nenhum momento, no entanto, senti qualquer medo. Aprendi que quando tem amor, a vida se encaminha e encontra o rumo certo.
Ainda nos tempos de casamento, mais uma cena me vem à cabeça e me lembro do meu boneco tão querido e tão amado. Quando me casei, enquanto a porta da igreja estava fechada e eu me programava pra entrar, senti muita vontade de chorar. Em parte, de alegria porque estava realizando um sonho. Outra parte por puro nervosismo. Outra ainda por uma mistura de saudades e tristeza: eu não tinha meu pai ali e estava deixando de dividir meu quarto com a melhor pessoa do mundo, minha mãe.
Meu boneco, meu brinquedo predileto, o bem mais precioso que ganhei dos meus pais, estava ali do meu lado e com um só olhar entendeu tudo que se passava dentro da minha alma. Ele apertou minha mão e disse “não chora, vai dar tudo certo”.
Assim, quando questionada sobre uma experiência marcante, não posso deixar de dizer que muitos episódios importantes aconteceram nestes 30 anos. Aprendi a ser filha, ser amiga, esposa, nora, cunhada. Vi a transformação de menina para mulher; de estudante para trabalhadora. Vi meus sonhos serem modificados. Levei muito tombo e aprendi que levantar tem um sabor delicioso.
Hoje sou uma mistura de muitas influências e inúmeros acontecimentos. Mas, sem sombra de dúvida minha vida mudou quando ganhei meu boneco. Foi ele quem sempre esteve comigo o tempo todo. Só ele entendeu toda a história sob o mesmo ponto de vista que o meu.
Com ele eu pude rir a vontade. Pude ter medo do escuro. Andei de bicicleta, brinquei de casinha. Falei palavrão e palavras de carinho com a mesma intensidade. Planejei fugir de casa. Caí na balada. Enchi a cara. Comecei a dirigir. Comi mingau de aveia e chocolate até estourar.
Meu boneco me fez ver que a gente pode chorar de saudade, de dor. Também de ódio e de raiva. Mas, sobretudo, de amor e orgulho. Foi meu boneco quem me ensinou a olhar para frente, mas sem esquecer de olhar para o lado.
Por isto, não há dúvidas! De todas as experiências que tive, a mais importante aconteceu em 07 de agosto de 1986, quando ganhei meu boneco: o meu irmão Ygor, que chegou tão pequenininho e fez minha vida grandiosa. Ele me ensinou a amar, aprender e confiar sempre, porque tudo “vai dar certo”.