Ler é certamente uma das minhas grandes paixões.
Sou filha de professora e professora cricri -do tipo "aquela que sempre fala pra ler em voz alta e pausadamente e depois quer discutir a interpretação do livro.
Acredite: antes mesmo de ler eu já interpretava desenhos. Vale dizer que a minha interpretação pode não servir pra grande coisa... E isto explica meu slogan "sou mais fútil do que útil". Mesmo assim, decidi dividir minhas leituras. Vai que cola, né?
Vou começar minha mais nova autora predileta: Marian Keyes.
Fomos apresentadas quando li "Melancia" e posso descrever assim: FOI SIMPLESMENTE PAIXÃO AVASSALADORA".
O livro é leve. A linguagem parece conversa com amiga no msn, sabe?
Sem falar que a autora sabe descrever o universo de mulheres entre os 25 e 30 anos como ninguém. Pelas páginas a gente se enxerga, encontra a colega, lembra da prima e chora e ri (confesso que sempre rio mais) com intensidade tremenda. E, assim, terminar cada livro é sempre um pesar... vai dando saudades, sabe?
Li quase todos e um é melhor que o outro.
Vou começar sugerindo "Melancia" porque espero, realmente, que cause em você a mesma sensação que causou em mim.
A história fala sobre Claire; uma moça de 29 anos que acaba de ter um bebê e ainda na maternidade leva um pé na bunda do marido porque ele resolve se apaixonar por uma vizinha mais velha e com cara de mais velha (fdp!!!!).
Deprimida, sem saber lidar com uma criança, Claire volta pra casa dos pais e se vê perdida. Ela tem que se reerguer, se reinventar, emagrecer (porque tá igual a uma Melancia) e se apaixonar novamente, pra esfregar na cara do ex que ainda é a "gostosona".
O livro conta com bebedeiras, embaraços, paquera, ódio pelo sexo oposto e competição feminina, tudo temperado com muitas críticas - engraçadíssimas - aos homens.
Claire é gente como a gente: quer matar o ex-marido, encontrar um bofe lindopra calar a boca de meio mundo e ainda ficar linda num vestido branco justo, tipo Herve Léger.
Trechos de Melancia (Lê que vale à pena!)
Os preparativos para domingo.
Ingredientes:
Uma mulher de 29 anos que recentemente dera á luz, negligenciada, abandonada e rejeitada.
Uma generosa dose de culpa.
Uma pitada de antegozo.
Um pacote de insegurança sobre a aparência do seu corpo.
Um raminho de excitação (selvagem, se possível).
Uma colher cheia de desespero profundo, condensado.
Um pequeno pânico de estrias.
Duas meias 7/8, pretas, com renda na barra.
Uma calcinha preta interessante.
Um sutiã preto, da espécie miraculosa, em vez de apenas maravilhosa.
Uma garrafa de vinho tinto.
Um vestido.
Um par de sapatos.
Decoração:
Batom vermelho-prostituta.
Várias camadas de rímel escuro.
Modo de preparar:
Deixar de lado as meias, calcinhas e sutiã, para usar mais tarde.
Pegar a mulher.
Verificar seus olhos e sua pele para se certificar de que ela não passou de seu prazo de validade.
Acrescentar culpa, antegozo, insegurança, excitação, desespero e pânico.
Misturar tudo.
Deixar cozinhar por alguns dias.
Num banheiro de tamanho médio, preparar a mulher, raspando suas pernas, colorindo seu cabelo e pintando as unhas dos seus pés.
Cerca de uma hora antes de começar, despejar generosamente uma cara loção corporal, mexendo freqüentemente.
Acrescentar as meias, o par de calcinhas pretas interessantes e o sutiã preto miraculoso. Praticar um pouco os atos de sedução, deixando seu cabelo cair sobre o rosto e lançando olhares através dos cílios.
Verificar se ela ainda pode arquejar, arquear as costas e dizer frases como: “Ah, querido, isso foi maravilhoso” ou “”Pelo amor de Deus, não pare”, mantendoao mesmo tempo um rosto normal.
Recrutar compulsoriamente uma irmã, de preferência Anna, para cuidar da já mencionada criança.
Acrescentar uma dose generosa de batom vermelho-prostituta, várias camadas de rímel preto, um vestido curto, todo abotoado, roxo (é, afinal, a cor da paixão), sapatos pretos com correias de camurça no tornozelo e uma garrafa de vinho tinto.
Evitar começar a beber uns tragos da garrafa de tinto antes de chegar ao seu destino.
Como extra opcional, camisinhas na bolsa são sempre um toque simpático.
Se não for possível, consegui-las – por exemplo, podem estar fora de temporada -, ajeitar-se com grandes quantidades de continência. Nem sempre ideal, mas funciona.
