quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Nova leitura: Cheio de Charme

Acabo de ler outro livro de Maria Keyes: Cheio de charme.
Num primeiro momento eu (que  já li praticamente todos!) achei meio "é tudo a mesma coisa". Confesso que demorei bem pra "engrenar". Mas, depois - como um carro a álcool da década de 90 - a coisa foi que foi uma beleza.
A história gira em torno de um cara lindo, perfumado, rico, político famoso, dono de um sorriso poderoso, ou seja, de um cara cheio de charme (será?).
Paddy De Courcy é o herói das mocinhas indefesas (mais uma vez: será?).
Falando nas donzelas, elas formam várias histórias paralelas dentro do mesmo enredo, Sendo assim: são quatro protagonistas e é, de acordo com a narração de cada uma delas - Lola, Marnie, Grace e Alicia - que a gente vai formando o nosso Paddy, nem tão mocinho quanto a gente pensa de início.
A primeira delas é Lola, uma consultora de estilo que tem cabelo roxo, mas ela jura que é bordô. Ela é a moderninha. Vive cercada de roupas caras, clientes chatas e travestis (vai ter que ler pra entender!) e pra ela Ana Wintour, editora chefe da Vogue, é sim alguém muito muito importante.
A narração da Lola se dá por diário. Ela descobre que seu namoro com Paddy terminou quando vê a manchete de jornal falando sobre o casamento do político com uma mulher com cara de cavalo (Alícia). Lola surta, dá chilique no trabalho e, por indicação das amigas vai pro litoral até curar sua dor de alma.
Grace é, de fato, a mulher guerreira da história. Ela é a jornalista escalada pra cobrir o casório de Paddy e retirar de Lola alguma confissão sórdida sobre o relacionamento, o que não é bem legal, uma vez que ela é casada com Damian (homem de verdade!!!!) e Paddy já foi namorado da sua irmã gêmea, a Marnie.
Marnie é casada com Nick, que deixou de ganhar seus bônus no trabalho. Ela tem duas filhas lindas, mas vive depressiva e cheia de segredos. Culpa de Paddy.
Alicia é amiga de infância de Grace, Marnie e Paddy e sempre foi louca por ele, mesmo quando ele era apenas um barmen. Agora, depois de enterrar seu marido gay, ela finalmente está prestes a se tornar a Senhora De Courcy.
Mulheres tão diferentes e com uma coisa em comum: um homem e muitas cicatrizes.
Será Paddy De Coucy príncipe de verdade ou elas e a gente vai encontrar um sapo no final da história?
Adorei a leitura e super indico. Risada garantida, permeada de muita emoção, porque além de romance, intriga e piadas, o livro é sério. Fala de alcoolismo e violência doméstica com um realismo que impressiona. Seguindo a própria propaganda: cheio de humor, cheio de lágrimas, cheio de emoção e de vida. Enfim... Cheio de Charme: só poderia ser o novo livro da Marian                                     

Dá uma olhada nos trechos que separei:

Quando descobri que era verdade, fiquei chocada. Na verdade, achei que estava tendo um ataque cardíaco. Teria chamado uma ambulância, mas não conseguia lembrar o telefone :999.
Só me vinha 666 . O número da besta .

"Olhou para ele e, surpreendentemente, o rosto dele estava encharcado de lágrimas. - Me desculpe, mil perdões. Você é a melhor coisa da minha vida, a única coisa boa. Desculpe, pelo amor de Deus, diz que você me perdoa. Isso nunca mais vai acontecer. Não sei o que me deu. Estresse no trabalho, venho me esfalfando há anos, mas descontar em você, de todas as pessoas... "

"No cabeleireiro, meu rosto machucado causou comoção.  
- Você deve ter realmente irritado o cidadão - disse Carol. - Que foi? Queimou o jantar dele? Esqueceu de lavar as meias?
Pensei em minha mãe e quis dizer alguma coisa forte, tipo: "Violência doméstica não é brincadeira", mas fiquei de boca calada. Ninguém de bom-senso briga com o cabeleireiro. "

"Detesto garotos adolescentes. Detesto as espinhas, os maus modos e, acima de tudo, a maneira como imaginam que o bumbum de uma mulher está ali para ser beliscado. Cada bunda é uma oportunidade.
E, francamente, são desagradáveis de ver. Assim que chegasse a puberdade, todos os garotos deveriam ser encarcerados num galpão até os dezoito anos. Nossas ruas ficariam mais limpas.
Enquanto estiverem por lá, devem se esquecer das leituras de revistas pornográficas e histórias picantes. Devem ser submetidos a uma dieta rica em literatura feminista, desde Germaine Greer a Julie Burchill. Quando libertados, estarão maduros, sem espinhas e informados em relação às mulheres. Quem sabe até terão algum respeito por nós? "

"Faz muito calor o tempo todo. Eu pego malária, mas é só uma desculpa para beber mais gim, por causa do quinino da água tônica. Eu digo: "Não suporto essa porcaria de tônica pura." Meus amigos são Bitsy, Monty e Fenella, e, aonde quer que eu vá, são sempre as mesmas pessoas. De vez em quando piloto meu próprio avião até Johanesburgo, mas logo fico me coçando para voltar pra selva. - Agora, deixava fluir, finalmente: - Na selva, a gente bebe até cair e o jantar nunca sai antes das onze da noite, quando todo mundo já está bêbado demais para comer. Ninguém está interessado em comida, mas a gente morre de medo de acabar o gim. Ficamos olhando para o céu, nos perguntando quando o avião com suprimentos vai aparecer com mais gim. "

"Não que tivesse razão para isso. Era seu momento de triunfo, seu próprio instante de Uma Linda Mulher. "Ledo engano, ledo, ledo engano". O momento em que Julia Roberts dissera "Ha!" para todo mundo que tinha sido perverso com ela. "



Capa brasileira

Versão original

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